quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Uma Caridadezinha Nojenta (II)


Quando a qualidade do comentário é superior à do texto comentado, mais que o criticando ou reduzindo à sua verdadeira essência, dando-lhe o devido enquadramento, a gerência vê-se na obrigação de o reproduzir.

Num tempo em que 'estado social' significa apenas mais 4 mil milhões ou menos 4 mil milhões, correta e eficazmente desenhados num folha de Excel (que é, de resto, o único instrumento de gestão que estes senhores são capazes de reconhecer), num tempo e num país onde os 'velhos' são olhados como fonte de receita (até onde poderemos ainda subtrair mais as suas magras reformas?), onde os 'novos' não têm lugar (a não ser talvez no próximo voo da Ryanair), onde o acesso a cuidados de saúde é cada vez mais um bem classificável na categoria de artigo de luxo (e por isso, cada vez mais moderadamente taxado), onde se pretende cortar ordenados a quem muito trabalha (ao invés de se despedir quem nada faz... e, óh deus, são aos mil de cada vez), onde menos 50 mil professores representam mais 710 milhões (e nunca um abaixamento na qualidade do ensino), onde o aumento das propinas representará por certo mais receita (e nunca menos alunos a aceder)... num país e num tempo como este que é cada vez mais próximo de um país e de um tempo que julgávamos ter passado definitivamente à história, qualquer caridadezinha sobranceira parece até coisa boa de se noticiar... é triste assim.
SM

Comentário Anónimo a Uma Caridadezinha Nojenta, in O Golpe do Elevador

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